José Vanzelli: Japão e japonismo nas ficções contemporâneas de Brasil e Portugal
Descrição: Esta pesquisa tem por objetivo estudar as representações do Japão e de seu povo em obras das literaturas de Portugal e Brasil publicadas nas duas primeiras décadas do século XXI. Propomos, num primeiro momento, apresentar um mapeamento mais completo possível da presença do Japão nas ficções contemporâneas desses países. A partir do levantamento, apresentaremos análises de um selecionado de obras, buscando averiguar convergências e singularidades nas representações encontradas.
Xênia Matos: Páginas do Sonho, da Lenda, do Mito e do Símbolo: o Gótico nos Primeiros Escritos e Contos Queirosianos
RESUMO: O presente estudo dá continuidade à pesquisa em literatura iniciada na tese de doutoramento “O gótico em Eça de Queirós”, a qual foi defendida pela autora em 2019 na UFSM, tendo como corpus os romances O crime do Padre Amaro, O primo Basílio e Os Maias. Nessa pesquisa, analisou-se como o gótico adentra os romances ecianos na forma de topoi, isto é, de discursos generalizados e repetidos capazes de influenciar as instâncias da narrativa, imagens, metáforas, simbolismos, etc. Por sua vez, o presente projeto enfatizará as primeiras narrativas e os contos ecianos, entre eles O mistério da Estrada de Sintra (1884), Prosas Bárbaras (1912), contos como “O tesouro”, “A aia”, “O defunto”, entre outros; o qual também seguirá a mesma perspectiva metodológica dos topoi. Portanto, observar-se-á como o gótico afeta a figuração de personagens, configuração do espaço, composição do tempo, organização do enredo bem como a formulação de imagens e de outros recursos estilísticos. Num primeiro momento, pretende-se compreender as narrativas aqui elencadas, para que se possa comparar, posteriormente, as semelhanças e diferenças de abordagens nos contos e romances.
Felipe Pereira de Carvalho: Um narrador em (trans)formação na obra Todos os Nomes, de José Saramago
Pretendemos, tendo em vista o processo de transformação exercido pelo protagonista do romance Todos os Nomes (1997), de José Saramago, averiguar a forma como o narrador se inclui (ou não) na experiência individual que se propôs a narrar. Em causa está a nítida trajetória de um indivíduo moderno que lida com contradições, vivências e sensibilidades bastante diferentes das que ele acredita serem típicas. A narrativa expõe o protagonista a uma experiência dramática e desafiadora para suas verdades pré-concebidas em um franco diálogo com a metáfora moderna do “tudo que é sólido desmancha no ar”, presente na obra homônima de Marshall Berman. Nesse sentido, a questão que propomos discutir é em que medida o narrador compartilha do processo individual, perscrutador e transformador, que está acompanhando tão de perto. Para tanto, estaremos atentos ao modo como o narrador constrói a história, distanciando-se e aproximando-se não somente do protagonista, que ele acompanha, mas também do leitor que recebe seu relato.
MATHEUS LESCHNHAK: “Existirmos, a que será que se destina? (…) E éramos olharmo-nos intacta retina”: Existencialismo e Alteridade em Alberto Caeiro e Henry David Thoreau
Pretendemos, a partir da teoria existencialista sartreana e de discussões relacionadas à alteridade, sobretudo vinculadas ao pensamento de Freud, analisar os poemas do heterônimo Alberto Caeiro, de Fernando Pessoa (1888-1935), em diálogo com o livro Walden (1854), de Henry David Thoreau (1817-1862). Tal proposta comparatista parte do pressuposto de que há, em ambos os textos, uma fértil tematização das relações humanas na modernidade que culmina na condição de (auto) isolamento do indivíduo em meio à natureza. Investigaremos, assim, de que forma o indivíduo é visto e pensado em suas relações com outros indivíduos e consigo mesmo, buscando semelhanças e diferenças entre as duas obras.
Andrea Bittencourt: Feminino e religiosidade em Eça de Queirós e José Saramago: uma análise de O crime do Padre Amaro, A relíquia, O evangelho segundo Jesus Cristo e Caim
A proposta é identificar aproximações e distanciamentos na tessitura da figura feminina a partir do véu de sua religiosidade. Em maior medida, poderemos traçar um panorama sobre a condição da mulher retratada na literatura, a partir do ponto de vista e do discurso masculino, percorrendo uma janela temporal do fim do século XIX ao século XXI.
Universidade Federal do Paraná Cátedra Camões José Saramago